SEM MALÍCIA

Não acreditava direito naquilo que eu via:

Uma inocente criança, branca como cera,

Jogada no acostamento duma rodovia.

Como se uma fortíssima anemia tivera.

Eu não posso afirmar com total convicção.

Apenas domino as letras, não sou doutor.

Como o ser humano está hoje sem coração!

Abandonar um menino a morte ... que horror!

Parei o carro para socorrer rápido o infante.

Mesmo lânguido, ele conseguiu me responder...

Menino, onde estão seus pais nesse instante?

Sou órfão de pais e estou muito tempo sem comer.

Peguei a criança, coloquei-a no meu carro com cuidado

E fui imediatamente para o mais próximo hospital

Parei o carro, pois havia chegado ao lugar desejado.

A criança agora terá o tratamento adequado afinal.

Quando a solícita enfermeira foi buscar a maca

Ouço a voz da criança me chamando: moço! Moço.

Fui colocar meu ouvido, já que a voz dela estava fraca,

Na boca do menino. De repente sinto uma dor no pescoço

Acompanhado de queimação. A minha vista se embaça.

Um grito horroroso salta involuntariamente da minha garganta.

Jamais imaginara que estava acontecendo comigo uma desgraça.

O guri era um vampiro faminto e me transformara em sua janta.

Conforme diz o ditado: assombração sabe pra quem aparece.

De noite, criança “doente” no acostamento, sem os pais...

Por que não chamei a polícia? O SAMU? Bombeiro? Nem prece

Fiz à vítima e nem para mim. Ingênuo fui. Descobri isso tarde demais!

O FILHO DA POETISA

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 23/01/2012
Código do texto: T3457623