Obra de Arte
Pego o pincel e a paleta
E em frente à tela vazia
Torno a verdade obsoleta
E a realidade mais fria
Embora nada em mente
Traço suaves nuances
Tênues linhas diferentes
E riscos exorbitantes
O vazio que havia
É lentamente preenchido
Meio noite, meio dia
Os opostos são unidos
E no centro há um ser
Sem alma, sem coração
Sem saber o que quer
A luz ou a escuridão
Novas imagens formadas
Tudo bem retratado
Imagens atuais pintadas
Com as cores do passado
Por não gostar do mancebo
Torno o ser em homem velho
E então é que percebo
Que me olho no espelho
Tudo fora pintado
Ao redor do meu reflexo
Que está pasmo e atordoado
Fico olhando, perplexo
Um espelho ou uma tela?
Outro eu ou um nada só?
Vida amarga, vida bela
Vida, morte, torna ao pó