SOMBRAS
Eu mesma plantei todos estes arvoredos.
Hoje adultos sombreando minha casa.
Eu mesma com todos os meus medos,
Armei a fogueira e soprei a brasa.
Eu mesma comprei a serpente e a flauta.
Fiz a música, as letras, enriqueci a estrofe.
Dentro do meu gosto, deixei pronto a pauta.
O arrependimento chegou, meti-os no cofre.
Ando por aí embreagada, sem beber pinga.
Corro dos espelhos para não olhar meu rosto.
Todas as amarguras que em mim respinga
Nascem rugas profundas de saudades e desgosto.
DIONÉA FRAGOSO