Perpetuidade Humana

Eu não sou só eu.

Eu sou todo o mundo

O próximo é minha extensão.

Eu sou

minha companheira

meus irmãos

meus pais

meu filho

meus vizinhos.

Quando eles sofrem,

eu sofro também.

Quando sorriem,

o riso não é só deles.

É meu por intimação.

Quando um morre,

parte de mim falece.

O mundo me contém

e eu sou apenas mais um membro

da humanidade.

A Humanidade sou eu.

Quando eu morro

a humanidade continua.

Eu renasço todos os dias.

Toda hora nasce em algum

lugar uma parte de meu Eu.

Se a humanidade se extinguir,

Eu deixarei de renascer.

L.L. Bcena, 29/05/2011

POEMA 548 - CADERNO: POEMAS AZUIS*

*Dedicado ao meu filho, Phill.

AZUL

Uma vanessa tropical travou na campânula

de uma ipoméia

o vôo oscilatório e helicoidal.

Dobra o quimono de franjas sinuosas,

marchetado e hachureado

com minérios de cobre:

aréolas, anéis, jóias concêntricas,

olhos de íris elétrica e de pupila enorme,

ocelos de um leque de pavão.

Sinto o perfume da flor nova,

com mais dois estames, buliçosos,

e quatro pétalas, de um esmalte raro,

molhadas nas tintas de céus fundos,

e cromadas com faiança das lagoas...

João Guimarães Rosa – in: MAGMA

PS- Phill,

observe que no corpo do poema não aparece o vocábulo 'AZUL', mas o poeta nos arremete a variedade de substantivos azuis e daí o título do texto (coisas de poetas, sobretudo do grande J.G.R).

Leonardo Lisbôa.

Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 22/01/2012
Código do texto: T3455022
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