A vida que levo

Isso que não deveria acontecer, mas acontece

Que não deveria doer, mas amortece

Deveria ser facilmente digerido, mas não apetece

É.. a insanidade que cresce..

Mais uma semente de lágrimas

Floresce no rosto descrente

E mesmo assim.. Acho que sou sádico..

Gosto dos meus dramas assim, indecentes...

O que posso eu fazer

Com o que me corroe e digere de dentro pra fora..

E que grita dentro de mim

Que dói, por ser quem eu sou..

Será ingratidão o motivo da aflição?

Quem sabe sejam vinhas, e ervas daninhas

As atitudes amargas, que me sufocam

E me levam a apreciar a dor solitária, sozinho..

Morfina..

Para a alma, será que ainda é morfina?

Difícil cada vez mais crer na humanidade

Ao ponto de me afastar, isolar e abominar..

E eis que surge o pulsante desejo da solidão

Deixar o que me frustra, pra trás...

Fechar-me dentro de mim mesmo (como um canceriano sem lar)

na concha, no casúlo

Onde eu sei que as dores não doem

Que as máscaras, caem

E os meus desejos e vontades, o tempo se encarrega

e .. por acaso, como quase que sem querer, eles se auto destroem...

O que se quebra, se remenda

Mas o que se quebra, quando se quebra, pra sempre é quebrado..

Tudo me leva a crer.. que sou assim, meio quebrado..

Talvez, até por tempo demais sem ser remendado..