DEUSAS E MUSAS...

Não sei o que se passa comigo, a inspiração sumiu...

Estou me sentindo como um deserto árido e frio,

Não consigo uma rima sequer, uma simples frase,

Nem um quarteto, simples quadra ou terceto...

Fico sem compreender como é que posso assim estar.

Parece que nunca poetei e que nem mais o farei...

É como se eu, na floresta da poesia, me perdesse

No meio de gigantescas e frondosas árvores que,

Tapando a luz do sol, ou da lua e das estrelas,

E ficasse sem rumo, sem norte, sem fanal algum.

Nesse imenso campo das belas letras sinto-me assim,

Um caminhante que, após muito jornadear nessa trilha,

Perdesse o estro, a lira, acabasse sem musa alguma...

Ao caminhar no mundo das letras belas falece-me,

Extingui-se-me a capacidade de engendrar lindas estrofes,

Encadeamentos perfeitos, musicalidade encantadora,

Instigar, envolver, elevar o espírito dos leitores...

Ontem, hoje, nada consigo produzir de belo e notável,

Somente alguns alinhavos inacabados, incipientes,

Traçados sem beleza, sem fulgor, nem musicalidade...

Talvez por que as deusas e musas, que não amam,

Resolveram pregar-me uma dolorida peça...

Será que foi Afrodite ou Atena? Ou a Erato quem

Tirou-me a lira?... Ou, Melpômene a singular poetisa?

É possível tenha sido a maior delas: Calíope... Hum,

Isso cheira à coisa da minha preferida: Urânia...

Pode ter se recolhido no mais recôndito do universo

E me esquecido aqui neste remoto planeta, quem sabe?!

PEDRO CAMPOS
Enviado por PEDRO CAMPOS em 20/01/2012
Reeditado em 26/03/2014
Código do texto: T3451973
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