DEUSAS E MUSAS...
Não sei o que se passa comigo, a inspiração sumiu...
Estou me sentindo como um deserto árido e frio,
Não consigo uma rima sequer, uma simples frase,
Nem um quarteto, simples quadra ou terceto...
Fico sem compreender como é que posso assim estar.
Parece que nunca poetei e que nem mais o farei...
É como se eu, na floresta da poesia, me perdesse
No meio de gigantescas e frondosas árvores que,
Tapando a luz do sol, ou da lua e das estrelas,
E ficasse sem rumo, sem norte, sem fanal algum.
Nesse imenso campo das belas letras sinto-me assim,
Um caminhante que, após muito jornadear nessa trilha,
Perdesse o estro, a lira, acabasse sem musa alguma...
Ao caminhar no mundo das letras belas falece-me,
Extingui-se-me a capacidade de engendrar lindas estrofes,
Encadeamentos perfeitos, musicalidade encantadora,
Instigar, envolver, elevar o espírito dos leitores...
Ontem, hoje, nada consigo produzir de belo e notável,
Somente alguns alinhavos inacabados, incipientes,
Traçados sem beleza, sem fulgor, nem musicalidade...
Talvez por que as deusas e musas, que não amam,
Resolveram pregar-me uma dolorida peça...
Será que foi Afrodite ou Atena? Ou a Erato quem
Tirou-me a lira?... Ou, Melpômene a singular poetisa?
É possível tenha sido a maior delas: Calíope... Hum,
Isso cheira à coisa da minha preferida: Urânia...
Pode ter se recolhido no mais recôndito do universo
E me esquecido aqui neste remoto planeta, quem sabe?!