[Emparedamento]

Por dias e dias, meses e meses,

e até anos e anos a fio... o processo era assim,

como se fosse um açoite implacável...

ou antes, um açoitamento de todo

o corpo de meus sentimentos!

Um flagelo de tal maneira intenso e constante,

que acabou por me ensinar

[pedra a pedra, todas cimentadas com finos rejuntes]

que eu deveria comparecer, de olhos bem abertos,

ao enterro do amor assassinado

por uma requintada desistência, marcada,

sem trégua, por sofisticadas justificativas filosóficas, analíticas...

E então, emparedado por um muro de pedras frias,

restou apenas a este ser vivo-morto,

o espanto de olhar a vida se esvair em nada!

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[Penas do Desterro, 20 de janeiro de 2012]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 20/01/2012
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