Poesia que te quero
Poesia que te quero.
Por onde andas?
Onde te encontro?
Ah, já ti viste em tantos lugares...
Dia desses, no olhar de minha amada.
Mais tarde, no sono leve que eu velava do meu filho.
Ti viste até em alguns sonhos meus.
Já viste você, oh nobre poesia, em mesas de botecos.
Nos copos e beiços ardendo em aguardente.
Mais cedo, no suor escorrido no rosto de um operário.
Ti viste até na esmola dada ao pedinte.
Poesia que te espero.
De onde vens?
Até onde vais?
Ah, já chegaste com a chuva da montanha.
Eu sei, eu vi.
Chegou assim, tímida como o sol da manhã
E depois tomando conta do horizonte da minha vida.
Mas agora você foi embora.
Deixou-me nu nesta cama com guimbas de cigarros
Espalhados ao redor e fedendo meus lençóis com seu perfume gasto.
Sem palavras, sem nexo e léxicos; estuprado pela sua beleza.
Sem você sou rude.
Ah, pra onde você foi?
Sim, foi de encontro a outro poeta.
Quem dera fosse só minha, todas as manhãs e noites.
Sou um cão vadio e digo: Vá!
Mas volte sempre que quiser.