Confissão douradense
Confesso, tenho ganas de chorar
Se lembro da minha terra.
Por aqui há tantas belezas,
às vezes mais belas que as de lá.
Por essas bandas, digo sem inveja
a natureza é monumental.
A planície parece monótona
Até que um pequeno corixo,
vira córgo, vira rio
e irriga o Pantanal.
Confesso, faz falta encontrar o firmamento
pra qualquer lado que se olhe
beijando o horizonte nos dias de setembro.
Não me ufano da minha terra,
é apenas saudade!
Dos ipês em agosto, céu azul em abril.
Pôr-do-sol ano todo, puchero e mate doce!
Do teréré nem se fala!
Confesso, já não posso disfarçar,
Nas noites de verão vigio o Cruzeiro do Sul
E num delírio, sussuro “Ro hay hu”
Pras gentes nas calçadas, pro encardido no pé,
pras bicicletas nas ruas, pros túneis de arvoredos,
Pro sotaque incerto, pra arpa e o acordeon.
Se você puder, passa lá na minha cidade
Visite a minha casa e dê notícias de mim!
Haverá uma sopa-paraguaia para recebê-lo
E se tiver sorte, uma chipa quentinha.
Bem sei, não sou Drummond!
Nem minha urbe é Itabira.
Mas preciso dizer, alto e bom som:
Dourados em mim transborda,
transpira!