Há momentos em que o véu se dissipa, tudo explicita-se
Há um corte de faca
No cego da noite
Que verga como açoite
Que sangra a ferida
E joga sal como mar
Há uma dor implícita no olhar
De quem se cala
Mas uma vontade anexa
Que fala sem dizer
Extrapola e extravasa
Como um copo de chope
Uma ressaca na praia
No que parte há esperança do retorno
Há um nó na garganta
Do explorado
Uma nódoa implícita na seda branca da sociedade
Sangue nas grandes riquezas
Interesses capitalistas nos atos violentos
Muita sutileza nos roubos do Senado
Mas há também um momento sem névoas
Quando tudo se dissipa
Explicita-se
E fica claro
Quem rouba e quem trabalha
Quem mata e quem cria
A natureza e a divindade
A polícia que vigia as fortunas
E reprime quem pensa
Quem acorda cedo e dorme tarde
A cidade e suas maldades
Condução lotada
Barracos e palafitas
A saúde aflita...
Quem parte e quem fica
Quem se cala medo
Quem luta coragem