Eu tenho a palavra precisa

Eu tenho a palavra exata, certa e precisa e a margem oposta do rio pra morar. Eu venho com gritos primais e auguras nos costados.

Trago o som das tribos dizimadas no sangue e o clamor dos anti-heróis derrotados. Eu venho das quebradas do Brasil/ Brasilândia/ Zona Norte/ Sampa.

Eu venho do bairro de abandonos mil. Periferia pra lá de além. D’onde gente é quase nada aos olhos do poder. Eu tenho a palavra sede na garganta estancada e a palavra certa e a margem oposta do rio pra morar.

Eu trago a ira sã dos injustiçados e o canto dos novos quilombolas. Da imensa gana, garra, grito e o rito ancestral, que ecoa nas vielas, favelas, os novos Canudos urbano.

Eu tenho a palavra certa pra doutor reclamar: rebeldia. Eu só tenho o dia, o caminho à frente e a mente acessa pra criar. E digo e repito pra quem está à margem: a palavra certa é CORAGEM.

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Dedicada ao rapper branco-louco Reinaldo Scott (com saudades)