De cabeça baixa

Ando cheio e derramado,

escorrendo da boca do pote,

pelas tabelas cabisbaixo,

avexado em meio ao trote.

Sou da visão sem nada ver

o acaso que me cerca,

a fusão dos sem porquês,

silhueta à perder de vista.

Minha túnica tão surrada

descorou-se no varal,

que do tudo ao quase nada,

tão desprezado sou desigual.

Na vertente do vão da vida,

sem guarida me renego,

que se dantes já sonhara,

desiludido, hoje me entrego.

Até a certeza que tinha,

definitivamente definhou.

Marçal Filho
Enviado por Marçal Filho em 20/01/2012
Reeditado em 23/06/2015
Código do texto: T3450766
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.