Mudo de endereço
na fantasia o adereço
mudo o jeito que seguro
os talheres e o que como
mudo.
Deixo na parede
as marcas das minhas cicatrizes
as cenas, os cenários
das atrizes que fui e nem
sempre foram felizes.
Guardo na caixa
os carrinhos, os carinhos
os tempos passados
que se abrirão no tempo
exato em minha existência.
A última lágrima caída
deixo na vidro da janela
na neblina que esconde
o que virá,
o que sucederá na minha ida.
No jardim a semente
não florescida ainda fica
me incomodando na partida
e a chave no miolo da fechadura
fica aqui quebrada
Levo as chaves mestras
para as portas que estão vindo
a esperança e os sorrisos. .
A chuva na paisagem conhecida
me faz compreender que as mudanças
não apagam os sóis que aqui foram vividos.
Amanhã, terei outra janela,
outro sol e outra lua.