vou embora

vou embora

enquando tudo dorme

durante a noite escura

enquanto todos se escondem

como fazem sempre

estranhas criaturas

que desaparecem no sereno

não quero despedidas

não quero deixar acenos

pistas

rastros enormes

nenhum sinal de vida

como se eu quisesse voltar

quero me perder de vista

não quero que ninguem me veja

não quero que ninguem se lembre

principalmente quem não me quer

quem não me deseja

vou embora

antes de chegar a chuva

antes de amanhecer o dia

deixo lembranças

saudades

viuvas

saio com as mãos abanando

vazias

arrastando o corpo

pelos meus corredores

mesmo sentindo no peito

desespero

desconforto

descontrole

vou embora

por um caminho incerto

provavelmente sem volta

vou embora

carregado pelas tempestades

pelas ventanias

revoltas

vou por aí

desconstruindo

o que me resta da poesia

enquanto a minha vida inteira

se espalha de mim

e se solta

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 19/01/2012
Código do texto: T3448642