Poeminha

tenho vivido a toa

dos restos das pequenas coisas,

de quase nada...

melancolia;

fragmentos da poesia

quebrada.

tenho me jogado

saltado de alturas

cada vez maiores

não pela apatica paz da loucura

mas pela lucidez da queda...

pelos pequenos pedaços

de carne expostos

e o sangue a vazar.....

tenho tentado tecer

soldar, colar

amordaçar em mim mesmo

um grito de felicidade que quer morrer

um pouco por dia....

não tenho tido tempo

pra apreciar o soprar das horas

ou a direção dos ventos;

tenho pensado em você

em cada momento de queda

em cada mergulho no escuro

não sei se quero ver o que a por detras do muro

não sei se quero esse salto.....

salto no completo escuro.

sei apenas que saltam os dias

e ninguém da notícias

de onde eles vão

e em todos estes desencontros

vou tentando vencer os monstros

que assombram o meu caminho...

sei que tenho pensado em ti

com volupia e pecado

pecado que só cometem os santos

quando estão as portas da loucura

quando estão face a face com o abismo

quando já não conseguem mais driblar o destino.....

eu....

mistura de poeta e menino....

caminho escuro

que se estende a frente

misto de lembrança e futuro.

sei que tenho sonhado contigo

por noites e noites sem abrigo

noites mal dormidas e na chuva

correndo por caminhos que não findam

por becos que se fecham cada vez mais

por noites e becos

por becos e cemiterios vazios de qualquer coisa....

sei que tenho parado pra respirar e fazer um poema.....

mas tenho me perdido

e me desencontrado e

me matado aos poucos....

sei que tenho sentido aquele velho medo

tão familiar

do dia de amanhã

da calma

da cortezia

das pessoas que ja desconheço

tenho me esgueirado

me escondido

de chuva

raio e trovão

mas tenho me deparado com toda a sorte

de tempestades

furia e morte......

talvez eu ainda ame como no primeiro momento.

Odair J Alves
Enviado por Odair J Alves em 18/01/2012
Reeditado em 18/01/2012
Código do texto: T3448371
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