TINHA QUE CONTINUAR... (para minhas filhas)

Luto com energia

para ver sair do chão

o alicerce dessas meninas.

Ando agora meio torto

para a direita, conduzo nos ombros

metade da vida percorrida, os outros

cinqüenta por cento escoram-me de pé.

Esta pele manchada

é exposição demais durante

sol escaldante. Tinha que continuar...

Essas moças, para estarem assim,

levaram 2/3 da minha asa, 2/3 das minhas

noites e fizeram brilhar dia e noite minha casa!

E esses gritos e algazarra que entediaram

um homem de meia idade são carinhos na

minha alma; sopro de brisa no meu semblante.

Casa eternamente renovada, novas caminhadas...

Plantei bem as sementes da vida.

Livre ouviria o sussurro do mar, canto

de gaivotas, conheceria novos caminhos...

Mas não teria o choro nostálgico de bebês,

nem o sorriso puro de um anjinho solto na casa!

Fui sempre o esteio de aroeira

na vida dessas inocentes. Também soube

ser ternura, a palavra dura, mostrei-lhes que

existe o “sim” e o “não”. Soube ensiná-las sobre

limites. Também que é preciso dar o primeiro passo...

Luto com energia

para ver sair do chão, agora,

o alicerce dessas minhas meninas!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 18/01/2012
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