VERSA_TILIDADE
De tudo se faz poesia.
Até mesmo
de uma inspiração vazia.
Em tudo o que existe
habita a poesia.
Mesmo num coração triste.
Maré cheia,
maré vazia,
grão de areia peixe estrela concha
e baleia.
Tudo vira poesia.
Vida, morte,
azar e sorte.
Poesia de sul a norte.
E os rios?
Mas esses correram para o mar
e me deixaram a ver navios.
Mulher bonita
é melhor que rapadura.
Tem doçura de mel
é anjo e é musa
caída do céu...
Poesia pura para o menestrel!
Tudo vira poesia.
Uma lua redonda e amarela,
principalmente.
Lá de cima,
luariza a moça nua
que a espia da janela.
(isso são versos ou seria uma aquarela?)
Mas e se a lua
fosse magrinha?
Ficaria sem versos,
triste e sozinha?
Qual o quê!
Lua magra
também é bonita de se ver.
Assim também a tristeza
pode se vestir de alegria.
E o verso vira do avesso
a sisuda melancolia.
E a noite, pode ser poesia?
Enfeitada de estrelas
vira cristal, translúcido verso
que ilumina e inebria.
Até a preguiça
pode virar poesia.
Mas aí a coisa enguiça:
vou deixar para outro dia.