VERSA_TILIDADE

De tudo se faz poesia.

Até mesmo

de uma inspiração vazia.

Em tudo o que existe

habita a poesia.

Mesmo num coração triste.

Maré cheia,

maré vazia,

grão de areia peixe estrela concha

e baleia.

Tudo vira poesia.

Vida, morte,

azar e sorte.

Poesia de sul a norte.

E os rios?

Mas esses correram para o mar

e me deixaram a ver navios.

Mulher bonita

é melhor que rapadura.

Tem doçura de mel

é anjo e é musa

caída do céu...

Poesia pura para o menestrel!

Tudo vira poesia.

Uma lua redonda e amarela,

principalmente.

Lá de cima,

luariza a moça nua

que a espia da janela.

(isso são versos ou seria uma aquarela?)

Mas e se a lua

fosse magrinha?

Ficaria sem versos,

triste e sozinha?

Qual o quê!

Lua magra

também é bonita de se ver.

Assim também a tristeza

pode se vestir de alegria.

E o verso vira do avesso

a sisuda melancolia.

E a noite, pode ser poesia?

Enfeitada de estrelas

vira cristal, translúcido verso

que ilumina e inebria.

Até a preguiça

pode virar poesia.

Mas aí a coisa enguiça:

vou deixar para outro dia.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 18/01/2012
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T3446969
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