FÊNIX: AVE_DO AMOR
Ávido amor,
braseia a cinza
e voa em mosaico
e incendeia o aprisco
das saudades azuis.
E do carvão aceso
renasce a luz,
brasa assoprada,
fagulha de dor,
peito entrançado,
de espinho e flor.
Lume, fagulha talvez,
o brilho dos olhos
dos versos que vês.
E acende as estrelas
por entre as penas
da saudade doída.
E abre seu leque
por sobre o abismo
de plumas traiçoeiras.
E cisma ser fonte,
nascente, cachoeira,
prometendo o porvir
nas janelas acesas,
esperanças derradeiras
queimando na fronte.
Abre asas, voa, encandeia.
Em lágrimas de fogo,
luz e calor,
engole o horizonte
a ave do amor.
E voa e voa para além,
muito além do sol se pôr.
(para o belíssimo poema ATÉ O SOL SE PÔR, de Deley)