Como (não) fazer poemas de amor...

Há uma musa, que de amor não se habita...
Mesmo assim, porque ela é um primor
de beleza, o genial poeta acredita
que isso basta para o poema de amor...
Imponente, pega papel e caneta, e submersos
antes, emergem borbulhantes
da sua mente - afiada oficina de criar versos -
os contornos de imagens empolgantes.

Mas elas não se definem... O quase patético
brado da sua inspirada luxúria, de repente,
morre na garganta daquele poético
exercício, que se prenunciava tão eloquente.
Rabisca em vão... Não sabe que a emoção o acusa
de tentar ser um um triste e inútil autor
de uma heresia poética: sem amor pela musa,
como cavar palavras para o poema de amor?...




Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 16/01/2012
Reeditado em 16/01/2012
Código do texto: T3444168
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