Sem limites
Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar
A um deus diferente.
"Fernando Pessoa"
Escrever me cansa...
Me canso de lavar a alma!
Buscar lembranças,
As mais doídas
As não cicatrizadas...
Curo feridas,
Em lágrimas contidas,
Derramadas!
Gota a gota,
Fio a fio,
Traço a traço...
Vírgulas e pontos
Abraço.
Porto, navios, mares,
Silêncio solares
Luares.
Naufrago,
Cais!
Salve, Ave, salvo,
Paz.
Água, chama,
Pavio!
Atiro, acerto,
Erro o alvo.
Cio de verdades,
Crio personagens,
Nervos de aço.
Me entrego sem limites
A tudo que sinto e faço.