PRIMAVERA
Elane Tomich
Porque de longe vieste
devo tratá-lo qual rei?
Verbo, alma sem veste
em longa espera, esperei...
Guardo estigma em brasa
gado a ferro quente.
Se à pele queima e arrasa
imagina a alma sem gente,
sem carne, sem vestimenta
sem porto, pouso, encosto
imagina o sádico gosto
do ai que encomprida e lamenta.
Há muito, vesti-me de lama
o pó em seca me espera
há um chão que me reclama
renascer em primavera.