RESSONÂNCIA DA INCONSTÂNCIA
Sempre essa inconstância
Esse eterno marasmo
Essa lúgubre metamorfose
Essa abrupta osmose
Essa impossível simbiose
Essa dupla face em enlace
Esse sabor de asco
Esse lado mais que negro
Essa redoma de vidro fumê
Essa carta fora do baralho
Esse cheiro acre de segredo
Porque esse medo?
Eu me pergunto repetidas vezes
Procuro qualquer reposta, mesmo idiota
Em vez disso dou com a cara na porta
Quando não, a louca e camicase figura
Grogue, na sua overdose de neurose
De vazão, de sermão, pedindo pão
Ou seriam gotas de compaixão?
Tem, horas, que creio ser, pode ser...
Só carência, incoerência talvez demência
Ou doses homeopáticas de abstinência
Ou tratamento com paliativos para ausência
Noutras acho que é só opulência da sempre solidão.