ESPELHO
Até quando Senhor?
Até quando suportarás tudo que vês?
Tanta desigualdade...
Uns que tendo tanto...
Esquecem, ignoram, pisam e repisam os que não tem
Até quando Senhor?
Até quando a pretensão do homem o levará
Por caminhos tão incertos sem a Ti chegar?
Querendo ainda a Ti comparar
E fazendo juizo, se justificar
Pensa se entender de tudo...
Pensa se ter bons intentos...
Faz se tudo errado de novo
Sem respeitar sentimentos
Percebe se não ser tão melhor
Quererás julgar teu igual?
Quererás ser melhor sendo o tal?
Olhes para dentro de ti, vês teu mal
Teus anseios te privam do bem
Teu orgulho não o faz ver a quem
Faltastes a quem se doou
Podes pensar na falta ou dor?
Do filho que cresceu sem te ver
Ou da mãe que tu esquecestes
Dos olhos do pai que deixastes?
Da mão amiga te afastastes
De fazer o bem já não lembras
Podes por acaso alguém julgar
Ou procurar enfim reparar
Se até de ti amar deixaste?
Vês que a vida não é lenda
O que semeias com certeza colherás
Tomara na colheita só boas sementes colhas
Oxalá dos espinhos verdes que espalhas
Não enganches neles secos amanhã
Consigas ver tu próprio teu mal
Já que vês com tanta clareza do teu igual
Até quem sabe apagar tudo que fazes
E mais uma vez querer ser melhor que outros
Sem melhorar de ti mesmo o brutal