Serena

Diga-me, Sereia do mar,

o que há por trás

da última coluna?

O que se avista

do último outeiro?

Haverá, Ninfa, menos

amor ao dinheiro

e mais querência

por uma limpa existência?

Que gente habita

o lugar?

Será como aqui,

um esboço falido

já no croqui?

Ou uma nova

casta de Homem,

digna desse nome?

Praticarão, como cá,

a maldade, a mediocridade

e o rasteiro querer

(pois é assim que aqui

se sabe viver)?

Haverá, doce Serena,

a ausência do vestuto Sistema?

Haverá uma vida mais amena?

Ou inexiste a última coluna?

Terá sido apenas

uma vã miragem?

Um desejo insano,

por algum outro plano?

Uma esperança,

uma quimera;

dessas, em que se pensa

quando menos se espera?