Que falta que faz um pai...

Numa manhã qualquer

quem sabe ele não apareça

no final da avenida de casa;

trocando passos sem pressa,

com aquela aparência frágil,

tentando agarrar fios de vida.

Numa manhã qualquer

quem sabe ele não apareça

no final da avenida de casa

e venha em nossa direção;

com aquela mesma imagem

que trago sempre no coração.

Numa manhã qualquer

quem sabe ele não apareça

no final da avenida de casa;

e naquele fiozinho de vida

ainda lhe reste um sorriso,

ainda lhe escape um gracejo.

Numa manhã qualquer

quem sabe ele não apareça

no final da avenida de casa;

é que ainda não era hora de

brincar de partir pra sempre;

isso não estava combinado.

Numa manhã qualquer

quem sabe ele não apareça

no final da avenida de casa;

e me diz só uma vez que

morrer não é pra sempre,

que nem é tão triste assim.

Numa manhã qualquer

quem sabe ele não apareça

no final da avenida de casa;

e venha passar uma manhã

comigo; e surja outras mais

para rever seu filho amado.

Numa manhã qualquer

quem sabe ele não apareça

no final da avenida de casa;

quem sabe o tempo retorne e

de sexta amanheça domingo;

para nunca ter aquele sábado

que ele partiu para sempre!

(Meu pai, Homero Pereira da Silva, morreu em 05/12/2009, vítima de enfisema pulmonar, advinda do uso do tabaco por mais de 50 anos).

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 13/01/2012
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