Sólida Solidão
Olho ao derredor
e contemplo uma sólida
e compacta solidão.
Casas emersas em escuridão.
Jardins vazios.
Só-mente
um banco convidando
para sentar-se
e ver o vazio
envolvente.
Nenhuma gente.
Canteiros abandonados
Esperando se-mente.
Dentro de mim um espaço
densa-mente povoado
de divindades e seres.
Serei eu o único habitante
e habitado neste mundo?
M.U.T.A.N.T.E.
L.L. Bcena, 02/07/2011
POEMA 541 - CADERNO: POEMAS AZUIS*
*Dedicado ao meu filho, Phill.
AZUL
Uma vanessa tropical travou na campânula
de uma ipoméia
o vôo oscilatório e helicoidal.
Dobra o quimono de franjas sinuosas,
marchetado e hachureado
com minérios de cobre:
aréolas, anéis, jóias concêntricas,
olhos de íris elétrica e de pupila enorme,
ocelos de um leque de pavão.
Sinto o perfume da flor nova,
com mais dois estames, buliçosos,
e quatro pétalas, de um esmalte raro,
molhadas nas tintas de céus fundos,
e cromadas com faiança das lagoas...
João Guimarães Rosa – in: MAGMA
PS- Phill,
observe que no corpo do poema não aparece o vocábulo 'AZUL', mas o poeta nos arremete a variedade de substantivos azuis e daí o título do texto (coisas de poetas, sobretudo do grande J.G.R).
Leonardo Lisbôa.