PLENITUDE

Senhor desce da cruz, da minha cruz.

Sim, porque a cruz que abraçaste

E da qual tu pendes não é tua.

Ela foi projetada no jardim do éden

(que ironia!),

Quando os meus ouvidos se abriram

À voz da ajuda adequada que me deste,

E eu acreditei.

Árvore do meio do jardim,

Que deitando raízes rumo ao rio

Fortalecia-se e revigorava caule e folhas,

Sem nunca deixar de produzir frutos, e

Cuja beleza não se traduzia por palavras,

Mas pelo silêncio contemplativo

Do coração encharcado pela graça;

Agora, despojada das vestes,

Não passava de dois galhos secos,

Sem vida.

Fui eu que a despojei, fui eu que a desfolhei.

Desce da minha cruz!

Ela foi transportada

Do paraíso até o monte calvário

Pelo meu pecado e pelas minhas transgressões.

Nutrida pelo orgulho e pela desobediência,

Seu peso tornou-se insuportável, insustentável.

(ah! Simão de cirene...).

Desce da minha cruz, senhor!

Desce da minha cruz.

E teus olhos se fixam nos meus,

E meu coração acolhe a tua voz:

"Pai, perdoa-lhe!"... E continuas:

"Filho, a tua cruz é tua, mas eu a assumi.

Foi para isto que eu vim ao mundo.

Desci do pai e me fiz um como tu,

Sujeito ao que tu és sujeito,

Humanamente limitado

- apesar de Deus -

Para reconciliar a criação e redimi-la.

Sem a cruz não há redenção.

A tua-minha cruz é o preço do resgate

Que não tem preço,

Pois meu sangue é o sangue do amor

Sem medida e sem limites

Que derramei por ti e pelo mundo inteiro.

Deixa-me ficar na cruz,

Vale a pena morrer de amor!

São apenas três horas, nada mais.

Depois... Depois mais dois dias

E o mundo verá, e tu hás de entender

Que não existe páscoa sem dor.

E somente assim

Não haverá mais luto, nem pranto.

Eu enxugarei todas as lágrimas

E serei tudo em todos.

Só então te direi:

Agora, toma a tua cruz

E segue-me".

Antonio Luiz Macêdo
Enviado por Antonio Luiz Macêdo em 13/01/2012
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