Paisagem de guerra

Sob estes carvalhos nao se entoam mais cançoes;

o vento nao rodopia por estas bandas

e nao se passam as estaçoes.

a chuva aqui cai negra

como o breu

lavando a terra

que sangra com sangue teu,

sangue de guerra

que toma tudo como seu.

e sob estilhaçoes de coraçoes

rastejam os vermes fardados;

com seus brinquedos de morte

e destinos selados;

banham-se em fogo

e riem da propria sorte,

enquanto dançam num mar de sangue

sem esperar que nenhum volte.

envolta de uma fogueira apagada

os mortos dançam e cantam

numa melodia velha e cansada,

inebriados com sonhos futuros

perdidos na noite sem fim,

cheia de lamentaçoes e sussurros.

sob estes carvalhos nao se entoam mais cançoes; mas se escuta o grito dos canhões.

o vento nao rodopia por estas bandas; mas a morte dança e canta

e nao se passam as estaçoes; nao enquanto a guerra devora almas e coraçoes.