Je suis vivant

Se sou sombra ou luz não importa,

Se o tempo é longo ou curto, esqueça.

Não me interessa o luto guardado,

Nem lembrar minha fraqueza.

Retorno do fim que nunca houve,

E das congeladas terras do norte,

A criogenia de minhas mãos poetas,

E a punhalada de minha mente alerta.

Sou a víbora que dorme em seu peito,

Alimentada pela minha ira divina,

Sou o dia que retalha a noite,

Perseguindo seu medo e sua escrita.

De agora em diante é a tempestade,

Que lava a terra de todos os vermes.

É o grito que sobre nós se abate,

Partindo o peito em duas metades.

Mas sou um, e do um se duvida.

Então poderei ser nenhum,

E negarei o nome a cada dia.

Inerte, dopado, não mais.

Deceparei a cabeça de seu tronco.

E com ela na ponta de minha lança,

Farei o poema do foda-se e do espanto.

Quem morreu, não mais me pertence.

Quem quer morrer, que faça as preces.

Eu permaneço, como os abutres e ratos

Estou mais vivo do que nunca,

E é o que o inferno merece.