RÉQUIEM
A saudade pedregulha a alma sem dó,
deflora o sossego, dissipa a respiração,
navega a esmo sem cordel nem cabresto.
A saudade desalforria o sorriso, cabisbaixa o desejo,
faz careta pra si mesma feito criança vadia,
faz da fé um encardido trapo gosmento e frio.
A saudade desavulta as vértebras da vida,
feito carne mal passada se esvaindo nas beiradas do gozo,
feito fardo despedaçado pedindo um pedaço de perdão.
A saudade se afasta do tempo feito sombra madura caindo do pé,
disseca as fronhas ocas lacrimadas e surdas de todos dias,
tira o véu que vela o morto feito desafinado passado embriagado sem fim.
A saudade se escorre feito labareda nas fossas repugnantes de paixão,
faz do seu grito o réquiem expurgado das mães desmamando suas crias,
faz do seu legado a mais cruel canção de ninar.
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