RÉQUIEM

A saudade pedregulha a alma sem dó,

deflora o sossego, dissipa a respiração,

navega a esmo sem cordel nem cabresto.

A saudade desalforria o sorriso, cabisbaixa o desejo,

faz careta pra si mesma feito criança vadia,

faz da fé um encardido trapo gosmento e frio.

A saudade desavulta as vértebras da vida,

feito carne mal passada se esvaindo nas beiradas do gozo,

feito fardo despedaçado pedindo um pedaço de perdão.

A saudade se afasta do tempo feito sombra madura caindo do pé,

disseca as fronhas ocas lacrimadas e surdas de todos dias,

tira o véu que vela o morto feito desafinado passado embriagado sem fim.

A saudade se escorre feito labareda nas fossas repugnantes de paixão,

faz do seu grito o réquiem expurgado das mães desmamando suas crias,

faz do seu legado a mais cruel canção de ninar.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 12/01/2012
Reeditado em 12/01/2012
Código do texto: T3437074
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