LÁGRIMAS DE TINTA
Esmago o eco de um grito impotente
e subverto a semântica de um Eros frenético
que apenas deixo existir no absoluto registo
do silêncio.
Procuro a revelação de mim a mim própria,
numa espécie de aparição,
em que tento harmonizar a consciência e o mundo.
Aos poucos, construo um controlado alfabeto
sem nome.
Empresto a minha voz-água
ao fogo de um processo alquímico
que queima o mapa dos meus sentidos.
Sinto-me numa emoção escilante
que invade os paradoxos da minha razão
e me prende a folhas de um livro branco.
E sou imagem das páginas
que choram lágrimas de tinta.
Diana Enriquez