O MERGULHO

Eu tanto almejei o poder de entender

angústias, mistérios do turvo querer...

Vontade de um gosto jamais conhecido...

Saudade de um tempo, momento insabido...

Que um dia lancei-me, despido, em mergulho

bem fundo, profundo, no cerne, em mim mesmo;

busquei, vasculhei, desvendei meu entulho

no breu de desejos perdidos, a esmo...

Tirei os desejos do breu, hesitantes,

do abrigo recôndito, escuro, sombrio

e os trouxe aos limites formais da consciência...

Então mutilei-me em certezas cortantes,

no enfado mui indômito, bruto, bravio,

na ausência do incerto – meu viço da essência.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 12/01/2012
Código do texto: T3436170
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.