DESVAIRADO TEMPO...
O tempo, esse louco, desvairado sem razão;
foge-se por entre os dedos da vida.
E num furtar as lágrimas fluem,
gotas a gotas de olhos que tem
um século de dor acautelada
sobre os ombros talhados
de meses e dias infindos!
Este poemeto dará, enquanto há tempo,
um beijo úmido no seu rosto único.
Dirá, também, que ainda há um
amor aqui, apesar da urgência
do tempo; dirá, que do amor
que tivemos vive os dias
enfadados do meu hoje!
E o tempo que pisa louco rumo ao fim
num soluçar de linhas paralelas,
apagará rastros de um sonho
que junto sonhamos; ter um
tempo diferentemente de
tudo que de fato sobrou
para nós dois agora!
E o que tempo que balança na praça
é diferente do que conta meus dias.
se for verde a primavera é o tempo
que pinta, se for longo o inverno
é o tempo que insiste; se breve
for o verão é que o tempo tece
ardilosamente noite escura!