Existe hora?
Jorra de mim poesia em lavas vulcânicas
Transforma o fogo em água cristalina,
Minha menina, meus deuses, minhas santas,
Cubra com a manta sagrada das rimas
E desvenda o segredo e o mistério dos versos
Instrumento aberto no canal da inspiração!
Dor, sangue, mangue, transforme minhas mãos
Em dedos que compõem música
Acústica, na plenitude da solidão.
O poeta explode em mim, luminosa estrela,
Nessa madrugada fria, silenciosa de incertezas,
Luz que ilumina a escuridão!
Fado, fardo, afago, samba, baticum!
O que queres de mim? Respondas que escrevo:
Te ouço, não esqueço, sinto, imagino, quase vejo!
Estou horas a fio a ver navios sem nenhuma embarcação,
Na janela olhando o por-do sol, quando noite de inverno,
Noite sagrada, machado pela madrugada fria,
Não é noite, não é dia, nem sei que horas são!...
Sei que sou livre a escrever versos,
Na hora exata que transborda inspiração.