JOIA BOREAL (Parte II)
Extenuada pelas lágrimas vertidas em desalento
A bela encarcerada entrega-se ao sono bendito
No leito de cristais e conchas, chega o momento
De conhecer o destino que há muito estava escrito.
Nítida imagem nimbada de incrível luz iridescente
Longe de sonho, era presença de todo verdadeira
Retrato vivo da jovem, acerca-se da padecente
Encantadora mulher que lhe sussurrou à cabeceira:
"Teus sofrimentos logo findarão, minha filha amada!
Bênção que não pude ter em meus frágeis braços
Parti no momento em que tu eras recém-chegada
Pro mundo invisível, deixando-te sem meu regaço.
O cruel Feiticeiro oprime o povo da Superfície
Bravo Reino do qual és a herdeira última e legítima
Nossa família foi destruída pela pérfida imundície
Do nigromante traidor que logo a fará sua vítima!
No último dia em que a Lua sua face esconder
Consumar-se-á o teu décimo quinto aniversário
O bruxo não pôde matar-te quando a viu nascer
Diz-se teu pai mas é teu ferrenho adversário!
Apoderou-se de ti, na pretensão de anular a profecia
Para conjurar um feitiço com sangue puro de donzela
De linhagem real, e num rito da mais negra magia
Tornar-se imortal, cobrindo o mundo de mazelas!"
Continua...