Da BOLHA ao CALO
Estou cansada de fingir que acredito em quem mente pra mim
De dizer que está bem o que pra mim está ruim
De ser polida com quem diz que me ama, mas nem me sorri,
De ser complacente, de relevar os presentes que não recebi,
De sentir culpa por coisas que disse ou deixei de dizer
De odiar o que faço e sufocar meu prazer
De suportar os pequenos entraves, cotidianamente,
De permitir que o passado me embace o presente
De olhar no espelho e não ver novidade
De estancar os meus sonhos, engolir as vontades,
De insistir no afeto de quem não merece
De contar os dias que faltam pro que não acontece
De trocar o amor-próprio pela submissão
De esperar por milagres que nunca virão.
O meu medo maior é que a bolha vire calo
E o que hoje machuca um dia endureça