Da BOLHA ao CALO

Estou cansada de fingir que acredito em quem mente pra mim

De dizer que está bem o que pra mim está ruim

De ser polida com quem diz que me ama, mas nem me sorri,

De ser complacente, de relevar os presentes que não recebi,

De sentir culpa por coisas que disse ou deixei de dizer

De odiar o que faço e sufocar meu prazer

De suportar os pequenos entraves, cotidianamente,

De permitir que o passado me embace o presente

De olhar no espelho e não ver novidade

De estancar os meus sonhos, engolir as vontades,

De insistir no afeto de quem não merece

De contar os dias que faltam pro que não acontece

De trocar o amor-próprio pela submissão

De esperar por milagres que nunca virão.

O meu medo maior é que a bolha vire calo

E o que hoje machuca um dia endureça

Alice Gomes
Enviado por Alice Gomes em 11/01/2012
Reeditado em 27/02/2012
Código do texto: T3434010
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