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É um sonho destituído de substância.
É um corpo dado a terra.
É o som da música que fere latente a alma.
Um espírito moscal que renova o mundo.
Em um tempo que não há medida nem espaço.
É um tronco abandonado ao musgo.
É uma pessoa entregue ao lixo
aos dejetos
aos entulhos.
E comem dos entulhos a sobrevivência a saúde a vida.
É uma criança remelenta que sorri dentes podres.
É a fome alimentada pelo desejo que não mata a fome.
É o choro estridente contido da família.
Um desejo de suicídio para alívio da dor
do medo
do futuro.
São os urubus companheiros de busca.
As moscas que penetram na pele vermes famintos.
É o desejo de mudança de uma nação que espera.
É o sermão vazio sobre a nação que virá depois.
da vida
da morte.