Pai Pedra
O meu pai era caminhoneiro.
Quando chegava de suas viagens o cheiro de óleo diesel o precedia.
Era o perfume de sua profissão.
De longe eu sentia, porque nunca tive o calor de sua proximidade.
Homem que é homem,
mesmo sendo menino – homem,
não tem disto não!
Ah! Ativismo da machesa!
Achei uma pedra suja de óleo diesel.
Senti aquele perfume que me transportou para a infância.
Dei na pedra um beijo como eu queria ter beijado meu pai.
Eu a guardei como eu guardei no coração a falta de meu pai.
Eu a levo para todo o lado que eu vou.
Tenho agora a presença de meu pai.
Quando me sinto carente, cheiro àquela pedra.
Em minha vida houve um pai pedra.
Hoje há uma pedra pai.
L.L. Bcena, 28/07/2000
POEMA 699 – CADERNO DOS ANJOS.