Pai Pedra

O meu pai era caminhoneiro.

Quando chegava de suas viagens o cheiro de óleo diesel o precedia.

Era o perfume de sua profissão.

De longe eu sentia, porque nunca tive o calor de sua proximidade.

Homem que é homem,

mesmo sendo menino – homem,

não tem disto não!

Ah! Ativismo da machesa!

Achei uma pedra suja de óleo diesel.

Senti aquele perfume que me transportou para a infância.

Dei na pedra um beijo como eu queria ter beijado meu pai.

Eu a guardei como eu guardei no coração a falta de meu pai.

Eu a levo para todo o lado que eu vou.

Tenho agora a presença de meu pai.

Quando me sinto carente, cheiro àquela pedra.

Em minha vida houve um pai pedra.

Hoje há uma pedra pai.

L.L. Bcena, 28/07/2000

POEMA 699 – CADERNO DOS ANJOS.

Nardo Leo Lisbôa
Enviado por Nardo Leo Lisbôa em 09/01/2012
Código do texto: T3430841
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