Travessia
Mais uma travessia,
Na qual me encontro intenso,
Extenso,
Ao delírio propenso.
Eles saberão que não importa o que estou dizendo.
São apenas sons do meu aparelho fonador.
Não passam de vagidos.
Olho para o interior das minhas pálpebras.
Elas são escuras, mas não são o útero do qual saí.
Ainda estou no mesmo lugar.
Queria me locomover nem que fosse um mísero centímetro
Que me desse a sensação de movimento, de retorno à segurança.
Pelo menos estou em queda constante,
Gozando uma ilusão inebriante
Que não me permite saber o que é verdade.
E, assim, tudo é fantasia.
Eu quero novamente por aquele túnel ver a luz que vem do fim;
E nele sentir a travessia que faz nascer a estupidez humana.