CAMELÔ

- Olha linha, agulha, vai freguesa?

mudou de lado, é falsa burguesa,

esquece que rico também vira pó...

- Moço, tem linha rococó?

- Dez reais o carretel, vai?

O moleque vai empinar pipa

e a tarde jogar de beque

com a turma lá de cima.

- É, meu sinhô, isso aí

é a vida de camelô, dura,

carregando caixas,

fugindo do rapa da prefeitura...

Já fui moleque como aquele,

sem tempo pra coisa séria.

No morro, o dia era mentira

e a noite, pilhéria.

vender quinquilharia foi minha sina,

comendo feijão com farinha

e o resto pra propina...

- O sinhô é repórter?

pois diz lá no seu jornal

que o nosso corre-corre

é sem carteira profissional,

INSS, férias, aviso prévio,

décimo terceiro ou Funrural.

Diz que a gente tem casa

filhos e mulher...

- Olha linha, agulha,

fazenda barata...

Não tem jeito não,

Lá vem o rapa...

JOSE ALBERTO LEANDRO DOS SANTOS
Enviado por JOSE ALBERTO LEANDRO DOS SANTOS em 06/01/2012
Reeditado em 25/04/2017
Código do texto: T3426133
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