Semiologia da Loucura

Este texto ou sei lá o quê, passa longe de ser poema,

Aqui não há sensibilidade, metáforas chorosas.

Mas louco escreve de qualquer jeito.

Se vira aí para entender.

A existência da loucura é um paradoxo.

Como qualquer antítese. (Acho as antíteses saborosas)

Leva consigo uma força organizadora,

Qualificadora das identidades,

Dos momentos momentos vividos e das atitudes.

O louco não se enquadra fora da loucura,

Mas isso é apenas uma questão de padronização.

Eu adoro comer pão,

Você não?

Loucura é normal para quem é louco.

Se todos "ficassem" loucos, a loucura seria sã?

Sob esse aspecto, a loucura é uma questão de estatística.

Se ser louco é agir de forma discrepante com as regras da civilização,

As nações são lideradas por loucos

E a loucura se limita às margens do poder.

Governantes loucos,

Súditos mais ainda, só que não têm permissão de exercer sua loucura.

O que é ser louco?

Para ser louco, pelo menos por um instante,

Basta alguém te chamar de louco e você acreditar

Ou quem te chamar de louco ser influente e os outros acreditarem.

Você também pode se considerar um louco,

Mas aí já é um julgamento com conhecimento de causa,

Um raciocínio mais refinado.

Era uma vez um rapaz chamado Lacan

Que, por sinal também era louco,

Que dizia que a personalidade é constituída na loucura,

Que o sujeito é alienado de si mesmo.

Pensa aí sobre o assunto,

Mas cuidado para não enlouquecer.

Eu gosto do pensamento do Lacan.

Um dia uma galerinha com Síndrome de Down

Cantou que ser louco é não ser feliz.

Eles enlouqueciam quando ficavam tristes.

Eram uns loucos encubados dentro da sua fé nos sorrisos.

Tchau, vou embora.

Fecha a porta quando sair.

Junior Lopes
Enviado por Junior Lopes em 06/01/2012
Reeditado em 25/05/2016
Código do texto: T3425577
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