Alma em pedaços
Um estrondo adentra-me a alma,
partiu-se o espelho da vida.
Pedaços, retalhos de quem ama
fulguram no chão, feito ferida.
Cacos dispersos me refletiam
e, afora o reflexo, nada se salvava.
Eram imagens que sobreviviam,
cada qual a si próprio se refratava.
Os pedaços se repetiam e, isolados,
desviavam tudo que neles teimava incidir.
Transformavam o real e, multicoloridos,
Eclipsavam-se a si, o nosso próprio porvir.
Como recompor tal cenário?
Seria fácil dispor cada cena,
cada viés daquele relicário?
Claro que não. Eis o dilema.