convulser
Embalem, empacotem bem minhas idéias
Plastfiquem meus altos ideais
Digitem meus ódios e pensamentos
Pulverizem meus amores e meus ais,
Exponham nas prateleiras longas
Meus sarcasmos, meus prantos
Milimetrifiquem meus odores
Centrifuguem meus olhares, sabores
Ponham no freezer tantos sonhos, tantos...
Parcelem meus dias em fogo lento
Subtraiam meu lazer
Multipliquem meu suor sangrento
me entupam de nada por dentro
em catálogo, coloridos, divulguem o meu gozo
meu sexo bem exposto na lavanderia
em audors pharmacia padaria
em clima de sempre correria
juntas as meretrizes e as apenas maria
Retenham minhas mãos minha ação
Na sangria do imposto, meu coração
O pretenso sentimento de um mundo
Traficado e aspirado como mais rígido aço
Minhas montanhas cortem ao meio
Minhas cachoeiras retenham no espaço
Meus líquido taxem retifiquem
Engarrafem meus pelo pele e cabelo
Depois numa aorta pulsante
Entre os dedos sua cara montblan
Me julgue, me enquadre, com seu esquadro
De um miquelangelo esquálido mas tranchã
E tipifique meu sorriso pálido
Esvaído de dor e dentifrício branqueador
Me conceda a justa pena do seu asco
Execute a minha dor aprisionada
Meta meu eu encarcerado em suas celas anódinas, sem horror
E enfim, assim, por favor, sem som ou nexo
(é covarde e medroso isso eu não nego)
Me enterre, vamos, me aterre
para que eu possa enfim ser
Avante, vamos! Tá com medo de quê?
Do enterro ou do erro?
Da terra na cara narina?
Da falta de ar?
Infarto impotência ou azar?
Ora,não seja néscio
Me de um enterro justo
Me faça um ser complexo