A Imprensa
(Desterro, 21 nov. 1880)
A Imprensa e brilhante como o meteoro, sublime como
os arrebois do cerúleo infinito!
(Do Autor)
A lâmpada gigantesca
Das glórias do porvir,
Turíbulo majestoso
No mundo a irradir,
É a imprensa tesouro
E c'roa de verde louro
A fronte do escritor!
E centelha sublimada
Que vem do céu arrojada
A treva dando fulgor!
-- O homem nasceu pequeno
Mas com as letras cresceu
Foi como o vulto de Rodes
Que lá tão alto s’ergueu!
Foi preciso -- estudando
Co’a própria idéia lutando
Mergulhar-se na luz!
Foi preciso ter glória,
Brilhante, leda memória,
Colher renomes a flux!
Foi preciso mil lutas
Mil labores insanos
P'ra descobrir nesses mundos
Da diva luz os arcanos!
Foi preciso que um bravo
Não mostrando-se ignavo
Mas inspirado por Deus!
A pedra bruta talhasse
E a luz então derramasse
Qual seiva santa dos Céus!
Foi preciso os séculos
Ainda um pouco nas trevas
Erguessem as frontes bem alto
E devastassem mil selvas!
Foi preciso que o mundo
Sentisse abalo profundo
Ao desvendar-se o saber!
Foi preciso que os entes
Ou se erguessem potentes
Ou tombassem a morrer!
Mas não! -- o homem ergueu-se,
Quase, quase com Deus
Tirou a fronte da treva
E só pregou-a nos Céus!
Viu o futuro de louros
E quis colher os tesouros
Que dão renome sem fim!
Sonhou, sonhou co’a vitória
E o gládio teve da glória
Qual o grão Bernardim!
O homem, gênio sublime,
Caminha, com seu bordão
Até achar o brilhante
A luz, a luz da razão!
Tropeça um pouco, se tomba
Ergue-se, voa qual pomba
E indo a luz descobrir,
Busca ouvir no infinito
Do eco ao longe este grito:
Trabalha para o porvir!
Quando os povos modernos,
Sentirem no coração
Uma ardente centelha
Que caia lá d'amplidão!
Deixarão esses vícios,
Insanos, negros, fictícios
Que dão só noite ao viver!
E irão curvados a ela
Depor-lhe verde capela
Farão então por crescer!
Camões, Milton, Abreu,
Já da vida sem lampas,
Erguei-vos crânios altivos
Espedaçai essas campas!
Dizei -- se o homem caminha
Se na treva definha
A quem se deve louvar?!...
S’as letras seguem ovantes
Dizei ó nobres gigantes
A quem se ergue alcaçar?!!...
E Guttemberg esse heroi,
Essa vergôntea dinal,
Que co'escopro na destra!
Foi das letras fanal!
Ao descobrir a imprensa
Essa epopéia imensa
Para toda a nação,
Com glória ingente sonhava
Na luz por certo nadava
Já tinha os louros na mão!
(de “O Livro Derradeiro”)
(Desterro, 21 nov. 1880)
A Imprensa e brilhante como o meteoro, sublime como
os arrebois do cerúleo infinito!
(Do Autor)
A lâmpada gigantesca
Das glórias do porvir,
Turíbulo majestoso
No mundo a irradir,
É a imprensa tesouro
E c'roa de verde louro
A fronte do escritor!
E centelha sublimada
Que vem do céu arrojada
A treva dando fulgor!
-- O homem nasceu pequeno
Mas com as letras cresceu
Foi como o vulto de Rodes
Que lá tão alto s’ergueu!
Foi preciso -- estudando
Co’a própria idéia lutando
Mergulhar-se na luz!
Foi preciso ter glória,
Brilhante, leda memória,
Colher renomes a flux!
Foi preciso mil lutas
Mil labores insanos
P'ra descobrir nesses mundos
Da diva luz os arcanos!
Foi preciso que um bravo
Não mostrando-se ignavo
Mas inspirado por Deus!
A pedra bruta talhasse
E a luz então derramasse
Qual seiva santa dos Céus!
Foi preciso os séculos
Ainda um pouco nas trevas
Erguessem as frontes bem alto
E devastassem mil selvas!
Foi preciso que o mundo
Sentisse abalo profundo
Ao desvendar-se o saber!
Foi preciso que os entes
Ou se erguessem potentes
Ou tombassem a morrer!
Mas não! -- o homem ergueu-se,
Quase, quase com Deus
Tirou a fronte da treva
E só pregou-a nos Céus!
Viu o futuro de louros
E quis colher os tesouros
Que dão renome sem fim!
Sonhou, sonhou co’a vitória
E o gládio teve da glória
Qual o grão Bernardim!
O homem, gênio sublime,
Caminha, com seu bordão
Até achar o brilhante
A luz, a luz da razão!
Tropeça um pouco, se tomba
Ergue-se, voa qual pomba
E indo a luz descobrir,
Busca ouvir no infinito
Do eco ao longe este grito:
Trabalha para o porvir!
Quando os povos modernos,
Sentirem no coração
Uma ardente centelha
Que caia lá d'amplidão!
Deixarão esses vícios,
Insanos, negros, fictícios
Que dão só noite ao viver!
E irão curvados a ela
Depor-lhe verde capela
Farão então por crescer!
Camões, Milton, Abreu,
Já da vida sem lampas,
Erguei-vos crânios altivos
Espedaçai essas campas!
Dizei -- se o homem caminha
Se na treva definha
A quem se deve louvar?!...
S’as letras seguem ovantes
Dizei ó nobres gigantes
A quem se ergue alcaçar?!!...
E Guttemberg esse heroi,
Essa vergôntea dinal,
Que co'escopro na destra!
Foi das letras fanal!
Ao descobrir a imprensa
Essa epopéia imensa
Para toda a nação,
Com glória ingente sonhava
Na luz por certo nadava
Já tinha os louros na mão!
(de “O Livro Derradeiro”)