autoretrato
um coração que fede
a bosta,
que amaldiçoa
a tudo quanto encosta;
duas mãos
que jamais deram
um soco (e gastaram
o tempo com carícias,
feito um louco)
uma porção de dentes
amarelados, em breve,
estragados;
o amor piegas,
a mente tosca,
a grana pouca, a alma
torta;
uma legião
de demônios atados
nos punhos da rede,
sem um deus que lhe
valha;
uma coleção
de fracasso, a frieza
do trabalho
com concreto e o aço,
o azul estampado
na parede.