Modelagem

Um ermitão continua no roçado,

um avião se mandou pra Cochinchina,

se das janelas as fofocas continuam

as lavadeiras já deixaram Ipoema.

Um burro pasta no quintal da minha casa,

porque a temática rejeitou a filosófica,

se um palhaço escolheu andar de jato,

não foi o trato que pintou na Perestroika.

O meu soldado, nunca esteve na Rocinha,

nem meu Pracinha se formou pra General,

o meu teatro foi trancado à banca rota,

porque a peça chafurdou no lamaçal.

E vou tocando a tutaméia que me sobra,

já que na dobra a crueldade me venceu,

então se antes ainda tinha esperança,

na contradança a dama já desfaleceu.

Eis que a cidade continua na província,

na favelança que o enredo dominou,

porque por onde a corda estica, a mão caleja,

no fim do jogo o nojo se remodelou.

O tais meninos tão viçosos tão normais,

trazem a calúnia deturpando a razão,

são viscerais e passionais, mas são meninos,

até que provem que merecem meu brasão.

Marçal Filho
Enviado por Marçal Filho em 04/01/2012
Reeditado em 24/07/2015
Código do texto: T3422681
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