Vil degredo

Já fui aurora em outra época,

Já fui a luz, já fui espera,

Rilhei-me aos dentes dum dia frio,

Enchi-me de sonhos, desfiz o mito

E se hoje tão louco eu grito

Não é por tais quimeras,

Não é por estas feras

A deglutir minha carne amarga.

É pela chama que muda apaga

Na vastidão dos tempos idos,

É pelo pejo que agora é hirto

Em frente a pureza de antigos beijos.

É pelo amor que estertora,

É pela vida que tive outrora

Qual agoniza em vil degredo.

Rio de Janeiro, 4 de janeiro 2012.

Well Calcagno
Enviado por Well Calcagno em 04/01/2012
Código do texto: T3422229
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