BOI CEGO.
Oioioi oioioi
Sinhô, qui saco esse boi!
Mandei o boi lá no arroio,
e pro arroio, qui boi que foi?
Tangi ele no ferro,
Cantei cantiga de aboio.
Gritei com ele e dei berro,
e o boi, que estrada que nada,
o boi não foi com a boiada.
Pensei, parece mandinga
que boi assim nunca vi.
Se é lá que fica a cacimba,
pros lados da Juriti.
o boi foi, foi, foi, foiiiii....
e encheu de chifre a caatinga.
Ohhh! Boi ,... não é por aí!!!......
No lombo do Treme-Terra
entrei no mato de espinho,
palma, velame, era só calumbi.
Parecia mais uma guerra
entrar ali, nem jaboti se atrevia
bicho encourado, esquecido.
Gibão de couro, chicote e laço,
saí prá campeá tal boi de fricote.
Nas orelhas, mato era um açoite,
Vento então, cantava lá e zunia.
Sabe o doutô,
prá mim, montar é ventania.
E fui entrando, e fui que entro,
quanto mais entro mais dentro.
Até que na clareira da baraúna
o boi teimoso lá estava,
na roda do boi-bumbá.
Investia como um possesso
A gente ruim da Pau Prego,
se esquivava e lá ia o boi
quebrar na testa a aroeira.
E de ruim, de muito ruim,
o povo caçoava fazendo festa:
vem cá! vem cá! boi cego!!!...
Marco Bastos
14/07/2005