VASCULHANDO PO DENTRO
VASCULHANDO POR DENTRO
Mergulhei até encostar a parte mais posterior do meu crânio
na parte mais profunda daquele poço de minh’alma,
na minha mais subterrânea verdade,
para arrancar de lá felicidade...
Enrolei-me em contorcionismo
encontrando-me frente a frente com meus próprios pedaços.
Eram medos ululantes aniquilados por indecisa coragem
Seguradas pela certeza da certeza da alma
De que a calma não erra , e anda de bem com o bem
Algum vento dirigido, desses que se mede a velocidade e a rota
Desvestiu-me levemente a roupa infantil
Senti dúvidas antes não sentidas
Recuei sem ter uma margem de recuo
Enxerguei marcas leves de um sol que esmaeceu...
cata ventos desistindo, de indicar
escolhendo dar direções ao vento...
sombras desenhadas
cristalinidade em águas prementes de turves
Canto da purificação nascente
para a troca de roupas, corpo em gente...
idas indecisas, dúvidas jamais dirimidas...
Pensamentos que giram em caminhos trôpegos
esquecendo-se da sua dona equilibrista
Não, por favor palavras parem: não me tragam a recordação dos circos,
não saberia sentir-lhe a pureza que trazem em si..
Amanhã será outro instante...breve...profundo e bom como antes...
A poetisa se escondeu numa parte do coração onde não se vê a luz...
Onde seu próprio escuro é incendiado por luzes inventadas
Não...não quero chorar, ao menos hoje...
quero observar a aridez dos meus mesquinhos desejos..