VASCULHANDO PO DENTRO

VASCULHANDO POR DENTRO

Mergulhei até encostar a parte mais posterior do meu crânio

na parte mais profunda daquele poço de minh’alma,

na minha mais subterrânea verdade,

para arrancar de lá felicidade...

Enrolei-me em contorcionismo

encontrando-me frente a frente com meus próprios pedaços.

Eram medos ululantes aniquilados por indecisa coragem

Seguradas pela certeza da certeza da alma

De que a calma não erra , e anda de bem com o bem

Algum vento dirigido, desses que se mede a velocidade e a rota

Desvestiu-me levemente a roupa infantil

Senti dúvidas antes não sentidas

Recuei sem ter uma margem de recuo

Enxerguei marcas leves de um sol que esmaeceu...

cata ventos desistindo, de indicar

escolhendo dar direções ao vento...

sombras desenhadas

cristalinidade em águas prementes de turves

Canto da purificação nascente

para a troca de roupas, corpo em gente...

idas indecisas, dúvidas jamais dirimidas...

Pensamentos que giram em caminhos trôpegos

esquecendo-se da sua dona equilibrista

Não, por favor palavras parem: não me tragam a recordação dos circos,

não saberia sentir-lhe a pureza que trazem em si..

Amanhã será outro instante...breve...profundo e bom como antes...

A poetisa se escondeu numa parte do coração onde não se vê a luz...

Onde seu próprio escuro é incendiado por luzes inventadas

Não...não quero chorar, ao menos hoje...

quero observar a aridez dos meus mesquinhos desejos..

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 03/01/2012
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