Cenário Noturno

Que vulto imenso vai cobrindo á noite..

Tristes murmúrios ouço no ar.

Vozes de pavor como quem recebe um açoite...

São ouvidos ao longe, e ninguém se atreve a acordar.

O mundo dorme, a cidade dorme...

Não sei por que ainda estou acordado.

Minha fronte está pálida, minha garganta bem seca.

Em cárcere sei que estou sendo imolado.

Meu peito aberto não mais enfrenta o mundo.

Sinto um vento tão gelado.

É sempre assim.

Todas as noites são iguais a essa, e não podem ser diferentes.

A cidade vai dormindo bem quieta, enquanto caminha um demente.

Que sou eu. Sem um deus.

Sem nenhuma demonstração de carinho. vou sozinho,pelo caminho.

A estrada é coberta de espinhos.

Mais não sinto medo, não sei nem oque ele significa.

Às vezes sinto só um arrepio.

Talvez sejam almas que já se foram.

Talvez seja somente o frio.

Eu não sei.

Mas quando resolvo olhar pro céu vejo uma estrela sozinha.

Que como eu vai seguindo sua estrada numa vida tão mesquinha.

Mas ela brilha. Que maravilha.

Pelo menos pra alguma coisa ela tem serventia.

Quem sabe também sou assim, um ser que brilha perambulando nessa noite sem fim.

Como aquela estrela sozinha no céu.

Vou seguindo minha caminhada.

O vulto imenso continua a cobrir a noite.

A cidade permanece acordada.

Murmúrios ainda são ouvidos no ar.

Minha alma continua calada.

É sempre assim.

Uma legião de sombras passa em minha frente. confundem minha mente.

Mas não consegue me assustar. Sou como aquela estrela que no céu vive a brilhar.

Que não se assusta com um asteróide nem com cometas que passam ao seu lado.

Ela já se acostumou com a rotina. e eu também estou acostumado.

O universo quieto todos dormindo. não sei porque estou acordado.

Vou sem lei desvendando segredos que são só meus.

Vou sozinho sem ninguém me acompanhar.

Olho pro céu e vejo que a lua se escondeu.

Mas a estrela continua a brilhar.

Será que vai ser sempre assim?

- Eu não sei.

Mas amanhã nascerá um novo dia. E com ele outra poesia.

A cidade estará acordada e eu dormindo. São retratos de uma vida tão vazia.

Murmúrios não mais se ouvirão. As legiões não mais aparecerão.

Tudo vai ser diferente, o passado terá ido. E terá chegado presente.

A luz se estenderá á todo canto.

Iluminará todo o mundo.

Não haverá mais sombras, nem vultos.

Não haverá mais o escuro.

É sempre assim.

Depois disso outra noite vai voltar junto com ela os vultos pelo ar.

Estarei sozinho sempre á caminhar. E no céu ....

A estrela novamente vai brilhar.

E a cidade dormirá novamente.

Açoites serão ouvidos e ninguém vai acordar.

Serei só eu e aquela estrela.

Uma nova estrela em minha vida.

A minha fiel e maior companheira.

Minha amiga querida.

Será que vai ser sempre assim?

- Eu não sei...

Mr Doug
Enviado por Mr Doug em 10/01/2007
Reeditado em 18/09/2009
Código do texto: T342011
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